Escrever contos

Escrever contos é fascinante! Dar uma vida tão efêmera a um personagem às vezes tão profundo… Sempre fica um gostinho nostálgico de saudade. Apenas uma ilusão, contos são sempre exatos!

Achei que os contos haviam começado à época da faculdade, por falta de tempo de escrever romances. Contudo, recentemente descobri que eles começaram aos doze anos. Entretanto, obviamente, foi durante a graduação, ao contato com excelentes obras literárias e autores, além de mestres excepcionais, que eles foram se lapidando.

O primeiro livro reuniu o universo feminino, Taça Escarlate. É dele que destaco um para compor esse post:

A DESCOBERTA

Imagem de Jackson David por Pixabay 

Por um rápido segundo, pareceu ter visto um vulto. Algo como uma sombra passando depressa e sorrateira. Virou o rosto impulsivamente, querendo surpreender a criatura que crescera sem aviso naquela sala escura. Passara a tarde com a companhia de si mesma, intercalando a sua solidão com um pouco de som, às vezes o coleirinho cantando no seu jardim, outras, a guitarra espanhola que lhe fizera um convite à dança.

Fora justamente após se sentar ofegante que vira o tal vulto. O vulto estranhamente conhecido da mulher que um dia fora. Sorriu consigo mesma após os instantes de estranheza. Então lá estava ela, sorrateiramente querendo se expor de novo. Sentiu que crescia como uma menina que percebe as pernas alongarem-se e deixa de lado as velhas bonecas. Não mais se apegar a subterfúgios. Não mais se agarrar a braços ausentes. Sabia que a encontraria de novo e se vestiria dela como a noiva no dia das núpcias. Iria vestir-se dela como a dama-da-noite de perfume intenso… Agora era apenas uma questão de tempo… Feita a descoberta!

Leia mais um conto do Taça Escarlate na revista Ser Mulher Arte:

“A caixa e o sonho”